
Passeando pelo orkut (da categoria das coisas improdutivas) vi várias comunidades com nomes do tipo: “Tenho que estudar, mas tô na net”; “Amanhã tem prova e eu no orkut” e ri. Não porque eu tenha prova amanhã, mas mais precisamente porque minha tese de doutorado ainda não está pronta. E mesmo sabendo que não está pronta, que o prazo me enforca a cada dia, e que ainda falta revisar tudo o que eu já escrevi e, quem sabe, escrever mais uma coisinha ou outra aqui e ali por sugestão do orientador, não consigo largar mão da minha fazendinha do orkut. Ou mesmo dar uma olhadinha nos tópicos das comunidades que eu mais gosto pra saber o que anda rolando. Tudo bem que ultimamente é o tempo de entrar, colher a produção, alimentar os animais e sair e quase não dá pra roubar ou cuidar da fazenda dos amigos (que, cá entre nós, é a parte mais divertida do jogo). Mas se eu fosse somar o tempo que já usei com essa fazenda, com o orkut, mesmo sem a fazenda, com a leitura dos blogs de amigas e de ilustres desconhecidos e links e mais links ao longo das navegações, acho que dava pra entregar umas três teses prontas e revisadas. Hoje o fato concreto é que minha vida de “intelectual”, e a de milhares de pessoas em suas diferentes funções, não é tão produtiva quanto poderia ser se não houvesse esse atrativo específico chamado Internet.
Mas, fazer o quê? O que seria de mim sem esses momentos? Ou sem os longos telefonemas nas tardes de outrora? Ou sem o mundo de poesias (se é que podem ser chamados assim aqueles escritos) durante as aulas de química, física, matemática? Definitivamente, eu não seria eu.