segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Da rede interativa

Eu não me lembro muito bem com o que eu perdia o meu tempo na adolescência, lá pelos idos dos meus 15 aos 20 anos. Que eu perdia, eu tenho certeza e me lembro muito bem, mas acho que não havia uma coisa muito específica. O fato concreto é que minha vida de estudante não era tão produtiva quanto poderia ser se não houvessem esses atrativos. Longas conversas no telefone com as amigas, programação da tarde da televisão, ainda que de péssimo gosto, músicas dos mais variados estilos, elucubrações infinitas sobre amores e desamores, 15 minutinhos de cochilo que sempre tomavam quase a tarde inteira, cartas e poesias, e por aí poderia listar inúmeros destinos para o meu tempo. Que bom que não havia o largo alcance que a Internet tem hoje! Assim eu consegui pelo menos passar no vestibular e até me formar! Venhamos e convenhamos, quanto tempo eu gasto aqui!!! Muitas vezes uso para coisas produtivas, mas a maioria das vezes é pras improdutivas mesmo.
Passeando pelo orkut (da categoria das coisas improdutivas) vi várias comunidades com nomes do tipo: “Tenho que estudar, mas tô na net”; “Amanhã tem prova e eu no orkut” e ri. Não porque eu tenha prova amanhã, mas mais precisamente porque minha tese de doutorado ainda não está pronta. E mesmo sabendo que não está pronta, que o prazo me enforca a cada dia, e que ainda falta revisar tudo o que eu já escrevi e, quem sabe, escrever mais uma coisinha ou outra aqui e ali por sugestão do orientador, não consigo largar mão da minha fazendinha do orkut. Ou mesmo dar uma olhadinha nos tópicos das comunidades que eu mais gosto pra saber o que anda rolando. Tudo bem que ultimamente é o tempo de entrar, colher a produção, alimentar os animais e sair e quase não dá pra roubar ou cuidar da fazenda dos amigos (que, cá entre nós, é a parte mais divertida do jogo). Mas se eu fosse somar o tempo que já usei com essa fazenda, com o orkut, mesmo sem a fazenda, com a leitura dos blogs de amigas e de ilustres desconhecidos e links e mais links ao longo das navegações, acho que dava pra entregar umas três teses prontas e revisadas. Hoje o fato concreto é que minha vida de “intelectual”, e a de milhares de pessoas em suas diferentes funções, não é tão produtiva quanto poderia ser se não houvesse esse atrativo específico chamado Internet.
Mas, fazer o quê? O que seria de mim sem esses momentos? Ou sem os longos telefonemas nas tardes de outrora? Ou sem o mundo de poesias (se é que podem ser chamados assim aqueles escritos) durante as aulas de química, física, matemática? Definitivamente, eu não seria eu.

Um comentário:

  1. Ah, ainda bem que no final vc falou a verdade, porque eu lembro bem o que vc (nós) perdia (perdíamos) tempo na adolescência!!! Qq dia vou fazer um poeminha pra vc!

    Ps - nossa perda de tempo nunca esteve tão boa, né? Fala verdade! Vício!

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